FMT tem Programa de Orientação e Reabilitação de Incapacidades em Hansênico

Trabalho científico com doses de solidariedade
Ascom

A hanseníase constitui um problema de saúde pública e por esse motivo gera preocupação em muitos setores da sociedade. Diante disso os cursos de Fisioterapia e Enfermagem da Faculdade Madre Thaís (FMT), em Ilhéus,  implantou o Programa de Orientação e Reabilitação de Incapacidades em Hansênicos (PROREABIH). O lançamento ocorreu no Centro de Atendimento Especializado (CAE 3)/ Fundação Sesp da  Secretaria de Saúde de Ilhéus, situado na Avenida Canavieiras, com a presenças de pacientes, estudantes, professores e profissionais do setor.

Coordenado pela professora Gracielle Santos e apoiado pelas professoras Karla Rocha Carvalho Gresik, coordenadora do Curso de Fisioterapia e Sara Tannus, coordenadora do Curso de Enfermagem, da FMT, o Projeto de extensão PROREABIH foi idealizado mediante os preceitos da legislação que tratam de ações que visam orientar a prática da saúde de acordo com os princípios do SUS. Sendo assim, o programa visa fornecer educação em saúde correlatas a fisioterapia e enfermagem, prevenir e ou atenuar as incapacidades e para isso atuará em parceria com os profissionais do setor de Hanseníase da Fundação Sesp na avaliação neurológica, encaminhamento e acompanhamento dos pacientes.

O projeto, que envolve alunos e professores dos cursos de Fisioterapia e Enfermagem com a finalidade de capacitar discentes de modo a atuar em um serviço de atendimento destinado aos  hansênicos, bem como atender às Instituições parceiras com projetos de acessibilidade. De acordo com a  professora Gracielle Santos, os pacientes serão atendidos e acompanhados no ginásio de Fisioterapia da Faculdade Madre Thaís, situado no térreo da FMT, na Avenida Itabuna, todas as quintas-feiras a partir das 15h30min.

Doença InfectocontagiosaA hanseníase é uma doença infectocontagiosa, causada por uma bactéria (Mycobacterium leprae), que compromete principalmente a pele e os nervos periféricos, provocando manchas na pele, alteração da sensibilidade e inflamação. A doença é transmitida através das secreções das vias respiratórias (nariz e boca) para as pessoas que convivem com o doente não tratado. Assim que se inicia o tratamento, os pacientes deixam de transmitir a doença. Se não for tratada precocemente, a hanseníase pode tornar-se grave e gerar deformidades físicas devido ao comprometimento dos nervos, principalmente nas mãos, pés e face.

O tratamento da hanseníase é fornecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a todos os doentes. O tratamento, conhecido como Poliquimioterapia (PQT), é composto por dois ou três medicamentos e dura de 6 a 24 meses, dependendo de cada caso.

PreconceitoA milenar doença hanseníase, conhecida durante muitos séculos por lepra, ainda traz arraigada ao seu nome, o preconceito e discriminação daqueles que a desenvolveram. Esta situação é originada basicamente em função da generalizada falta de informação por parte da população ao seu respeito. Um dos pacientes agradeceu aos alunos e professores por estarem com eles, sem preconceito salientando que "as pessoas Quando descobre que estou com a doença as pessoas demonstram medo de mim. Alguns não chegam perto". "Os próprios familiares rejeitam com medo da contaminação," desabafou um outro.

Ao criar o Programa de Orientação e Reabilitação de Incapacidades em Hansênicos , a Fisioterapeuta Neurológica e Professora Gracielle Santos da Faculdade Madre Thaís  reconhece que para enfrentar a hanseníase, além da questão terapêutica é necessária a educação em saúde, as estratégias de informação e a desmistificação da doença.

DificuldadesDe acordo com a professora/dr em Ciências na Enfermagem em Saúde Pública, Ana Maria Dourado Lavinsky Fontes, da Universidade Estadual de Santa Cruz , em sua tese "Cartografia da micropolítica do cuidado a pessoa vivendo com hanseníase ", o Brasil é o 2º país do mundo em prevalência de casos. Em Ilhéus a hanseníase apresenta um comportamento endêmico com a presença significativa de casos de formas contagiantes, fato que indica diagnóstico tardio."

"Apesar do Ministério da Saúde recomendar e estabelecer como prioridade a descentralização das ações de controle da hanseníase para a rede de atenção básica, o atendimento às pessoas vivendo com hanseníase em Ilhéus ainda está centralizado no Centro de Atenção Especializada (CAE III), fato que dificulta o acesso aos usuários e a detecção precoce de casos," avalia a professora Ana Fontes.

Atenção após a curaOutra particularidade da hanseníase é que depois da cura, parte dos pacientes também podem continuar desenvolvendo problemas neurológicos. Como explica a enfermeira Lorena Araujo, da rede municipal de Saúde “em alguns casos, os pacientes já curados desenvolvem neuropatias. Ás vezes nem associam as incapacidades físicas e a dor à hanseníase, porque já estão curadas. Elas se acostumam à dor. É preciso continuar a ter atenção médica.”